domingo, 10 de julho de 2011

A Corrida pelo MBA

A procura pelos cursos de MBA na Europa e nos Estados Unidos voltou a crescer no ano passado, depois de uma baixa em 2007 e 2008. Um dado que reflete o maior interesse pelos cursos de pós-graduação em administração é o recorde de inscrições no GMAT, teste que mede conhecimentos básicos de matemática, lógica e gramática da língua inglesa e é obrigatório nas principais escolas de negócios do mundo. Em 2009, houve 301 800 inscritos no GMAT, o maior número já registrado desde que a prova foi criada, em 1954.

Apesar disso, a formação oferecida pelos cursos de MBA nunca foi tão questionada por uma parcela dos recrutadores e acadêmicos. As críticas vêm de duas frentes. A primeira ataca o currículo das escolas por não abordar temas que há algum tempo fazem parte da agenda executiva, entre eles: sustentabilidade, inovação e ética nos negócios. A outra linha de cobrança tem como pano de fundo a crise financeira mundial. Respingou nas escolas de negócios parte da responsabilidade pelos erros cometidos pelos líderes dos grandes bancos e empresas que vieram à lona quando a crise financeira mundial teve início em 2007.

Às escolas coube responder por quais motivos replicam o discurso do mercado de “foco no resultado de curto prazo” e continuam formando líderes míopes. As escolas estariam ensinando os modelos errados de gestão. De olho nessa discussão, a revista Harvard Business Review (HBR) publicou no mês passado uma lista dos 50 melhores presidentes de empresas, considerando o desempenho no longo prazo, medido pelo retorno financeiro aos acionistas e considerando a performance em relação aos concorrentes.

Foram avaliados 2 000 presidentes das 1 200 empresas globais que compõem o índice S&P Global 1200 e as 40 empresas sediadas em países emergentes que fazem parte do S&P Bric 40.

Não foram considerados os executivos que assumiram o posto antes de 1995 ou depois de 2007. Foram avaliados presidentes de 48 nacionalidades. A idade média com que esses profissionais assumiram o posto máximo é de 52 anos e apenas 1,5% deles é mulher. Quantos têm um MBA no currículo? Dentre os 50 executivos, apenas 14 — 30% deles — têm um diploma de MBA.

À primeira vista, o levantamento da HBR mostra que, para ser um top performer, o MBA é absolutamente dispensável. No entanto, o ranking analisou o desempenho de presidentes com MBA de empresas baseadas na Alemanha, Inglaterra, França e Estados Unidos, onde é possível encontrar informação pública sobre o grau de instrução dos executivos, e o comparou ao desempenho de executivos sem MBA.

Regra geral, os profissionais com MBA tiveram melhores resultados de longo prazo do que os sem MBA. O levantamento da HBR teve ampla repercussão entre os alunos de MBA. Mas quem realmente ficou satisfeito com o resultado da pesquisa foram os diretores acadêmicos das escolas de negócios, cuja expectativa este ano é receber tantas inscrições quanto no ano passado de candidatos a um diploma de MBA.

OFERTA DE TRABALHO
Em 2009, a corrida pela especialização em negócios superou as melhores expectativas das escolas. “Há uma procura generalizada pelos cursos de pós-graduação em negócios, especialmente pelo MBA”, diz Sir Andrew Likierman, diretor acadêmico da London Business School, considerada a número 1 pelo ranking de 2010 do jornal inglês Financial Times e a número 2 da Europa na avaliação da revista americana BusinessWeek.

Os recrutadores das grandes corporações também continuam indo aos campi (em menor número, é verdade). No ano passado, oito em cada dez alunos de MBA estavam empregados antes da formatura, segundo relatório da GMAC, associação que congrega as principais escolas de negócios dos Estados Unidos. Na Europa, a situação é mais complicada e os alunos estrangeiros têm retornado ao país de origem em busca de emprego. No Brasil, houve escola, no ano passado, que recebeu maior número de candidatos ao MBA e outras que tiveram de fazer um esforço extra para fechar suas turmas.

A Fundação Instituto de Administração (FIA), de São Paulo, está no segundo grupo e teve turmas reduzidas, em alguns de seus cursos, em relação aos anos anteriores. Já o Coppead, no Rio de Janeiro, única escola brasileira listada no ranking de 2010 do Financial Times, teve praticamente 10% mais inscritos do que em 2008.

A discrepância se deve, principalmente, ao fato de que no Coppead o MBA é gratuito e na FIA ele é pago. O ano de 2009, no entanto, foi um período atípico. Os coordenadores dos melhores cursos de MBA no país percebem que a corrida pela especialização em negócios também vem acontecendo por aqui nos últimos anos, só que numa intensidade bem menor em relação aos Estados Unidos e Europa. “O que está em curso no Brasil é uma seleção natural.

Os empregadores agora querem saber de onde vem o diploma do profissional que eles estão contratando. Há 20 anos, qualquer diploma era um diferencial”, diz Vicente Ferreira, vice-diretor de educação executiva do Coppead. O que distingue um bom MBA de um diploma de segunda linha é o corpo docente da escola e a rede de relacionamentos a que o estudante tem acesso dentro e fora da sala de aula.

Há também uma relação direta entre as oportunidades de crescimento na carreira e a escola em que o profissional se formou. Se você está pensando em fazer um MBA, escolher uma boa escola, nacional ou estrangeira, é o primeiro passo. Acredite, ter um diploma de segunda linha não vai fazer nada pela sua carreira.

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