quarta-feira, 11 de novembro de 2020

 

Franquias: 5 armadilhas para evitar ao escolher uma marca

Escolher uma rede para investir não é uma tarefa fácil; é necessário estar atento aos números e a questões contratuais. Saiba o que fazer.

Evitar armadilhas no início pode reduzir sofrimento no futuro (Foto: Pexels/Reprodução )


Comprometer-se com uma franquia é ter em mente que se trata de um negócio como qualquer outro. É preciso estar disposto a se entregar ao empreendimento para gerir uma unidade e, assim, obter sucesso. Apesar disso, o caminho até a compra da franquia não é tão simples. No processo de escolha, o candidato deve se atentar a detalhes e questões importantes a fim de eleger a marca que mais se encaixa nas sua expectativas como empreendedor.

“O processo de escolha de uma franquia é feito por meio de um funil em que você começa com um número bem grande de possibilidades e, de acordo com os critérios que você adota, esse funil vai estreitando”, afirma Rogério Gama, psicólogo, consultor em franquias e diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Franchising (ABF) no Rio de Janeiro.

Segundo o especialista, existem algumas armadilhas que devem ser evitadas para que a experiência como franqueado não seja desagradável no futuro. Confira quais são elas:

1. Apenas gostar da marca não é o suficiente

Gama afirma que gostar de uma marca não é o suficiente e que é importante gostar da operação em si. Além de ter afinidade com os produtos que serão vendidos naquele determinado negócio, é necessário estar atento aos processos por trás do balcão que envolvem a vendas. “Operar uma franquia não tem nada a ver com gostar da franquia como cliente”, alerta Gama.

Para ilustrar, ele utiliza o caso de uma cafeteria. Uma pessoa pode amar tomar café em determinado estabelecimento com os amigos, mas não se daria bem trabalhando em um deles. Isso pode acontecer pois o dia a dia da cafeteria não é compatível com os gostos e expectativas do candidato – que muito provavelmente terá que enfrentar o trabalho em um ambiente quente de cozinha, com boa parte do trabalho feito de pé.

Além disso, Gama aponta que o empreendedor deve se atentar à longevidade da marca frente ao mercado e recomenda que se tome cuidado com as tendências. “É importante tentar estimar se aquele negócio é um modismo e se tem chance de futuro”, afirma. “Existem franquias que estão fazendo sucesso e, geralmente, os candidatos procuram as marcas que estão em maior visibilidade. Mas ninguém para pra pensar que não é o sucesso que a rede teve até hoje que vai dar dinheiro pro franqueado”, completa.

2. O investimento inicial da franquia pode ser maior

Um dos primeiros passos ao pensar em adquirir uma franquia é saber se o investimento necessário para a compra cabe no orçamento. Segundo Gama, um dos quesitos principais é se informar dos pontos que compõem o investimento inicial proposto pelo franqueador.

“Uma série de itens que compõem o investimento inicial vem em menor quantidade ou com valor mais baixo”, ressalta. O consultor destaca que existem diversas taxas, como a de franquia e de locação do ponto físico, que podem não estar incluídas no valor do investimento inicial. Consequentemente, o capital realmente necessário para que a loja seja adquirida é maior. 

Outros pontos que compõem este montante e que podem não estar expressos no valor total dizem respeito, por exemplo, aos valores de locação de espaços e a itens que são colocados como opcionais, mas que, na verdade, são indispensáveis, como circuito interno de segurança.

3. Promessas de retorno financeiro não se cumprem

Um dos objetivos, em qualquer negócio, é ganhar dinheiro. Gama aponta que, muitas vezes, as franquias apresentam ao candidato uma média de meses para que o investimento inicial retorne ao bolso do empreendedor – e isso está ligado à lucratividade das operações. Para que o retorno aconteça, é necessário, antes de tudo, que as contas da unidade atinjam o ponto de equilíbrio, ou seja, que a receita se iguale às despesas. 

O diretor da ABF-Rio afirma ainda que essa situação naturalmente já demora a acontecer. Se as vendas não forem como esperado, o retorno real poderá não ser condizente com aquele que foi prometido pelo franqueador. “O candidato à franquia precisa entender como foi obtida essa informação de que o ROI vai acontecer em 36, 24, ou seja lá o que for que a empresa anunciar. É importante que ele faça essa conta”, alerta.

O cálculo para obter o resultado final é simples: basta dividir todo o investimento inicial pelo número de meses em que a franqueadora estima que o retorno aconteça. Com isso, é possível saber o quanto de lucro será necessário ter por mês até o final do prazo total até chegar ao capital retornável. Para ter ainda mais certeza da informação, converse com franqueados e ex-franqueados – que constam, obrigatoriamente, da circular fornecida ao candidato – para ter acesso a números reais e precisos de baixo, médio e alto faturamento.

4. Expectativa de retorno alto com investimento baixo

Gama faz este alerta especialmente às pessoas que se interessam pelas microfranquias. Segundo a ABF, o investimento nessa modalidade deve ser de até R$ 90 mil. De acordo com ele, o retorno no futuro é proporcional ao valor aplicado na compra. “Quanto menor o investimento, menor o resultado”, diz. “É importante chamar a atenção das pessoas de que a microfranquia é algo de baixo custo, mas que o investimento retorna na medida.”

5. Os pormenores de um contrato de franquias

É no contrato que todos os detalhes que permeiam a compra e o funcionamento da franquia estarão descritos. Por isso, é preciso ter atenção redobrada. Gama recomenda que, neste momento, o candidato à franquia conte com a ajuda de consultores e advogados para ver se as regras e as multas estão coerentes e de acordo com a lei. Isso evita que, no futuro, o empreendedor arque com consequências financeiras que não estavam previstas e que possa agir dentro das regularidades da franquia ao longo da jornada empreendedora.





by Giovana Oréfice - PEGN


Nenhum comentário:

Postar um comentário