sábado, 24 de março de 2012

Eles são ainda mais indispensáveis em tempos de crise.

SEGURE SEUS TALENTOS !


Eles são ainda mais indispensáveis em tempos de crise. É o que afirmam especialistas como Fábio Barbosa, presidente do grupo Santander, uma referência na arte de identificar, contratar e desenvolver os melhores.

                      Barbosa, presidente do Santander:
“Da retomada só vão se beneficiar as 
companhias que tiverem preservado 
seus valores e principalmente, as 
pessoas-chave e comprometidas” 

"Tirem as 20 melhores  pessoas  da Microsoft e ela será uma companhia insignificante."  A frase de Bill Gates, registrada no livro  The Microsoft Way ( O Jeito Microsoft ), provocou a indignação de uma centena de especialistas em Recursos Humanos nos Estados Unidos. 

Na Visão deles, era o mesmo que dizer que os outros milhares de funcionários da empresa de Seattle não passavam de número. Não parece ter sido este o sentido da declaração de Gates. Os funcionários da Microsoft são, sim, importantes para fazer a engrenagem funcionar, mas a trajetória fulminante da companhia, segundo seu fundador, deves-se a um grupo de notáveis profissionais arrancados de outras empresas ou pinçados nas melhores universidades do mundo, treinados e transformados em grandes estrategistas.  

Ainda que numa análise extremada, ele apenas expôs uma realidade do mundo corporativo: uma empresa só ganhará destaque e prestigio se conseguir formar um pelotão com capital intelectual acima da média do mercado, ainda que essa turma de elite esteja restrita a 20 ou 30 pessoas.

Em momentos de crise financeira como a atual e até mesmo de gestão, em que as companhias reforçam a equação do "mais com menos", a filosofia de Gates ganha especial relevância. Se é preciso cortar custos e enxugar os quadros, que seja o mais qualificado possível. A própria Microsoft, que saiu ilesa de outras crises, acaba de anunciar que eliminará 5 mil postos de trabalho nos próximos meses. Veja os números recentes de demissões no Brasil, que até pouco tempo se vangloriava de estar blindado contra a crise. Foram 600 mil dispensas em dezembro passado, recorde histórico para um único mês.

Setores da indústria, principalmente montadoras de automóveis e siderúrgicas, estão na ponta dessa onda de desligamentos motivadas por ajustes de caixa alegadamente "necessários e inevitáveis". Uma questão é: até que ponto os cortes vêm sendo feitos de maneira criteriosa ?  "Por enquanto, o que se percebe é que as demissões estão concentradas na área operacional e nos profissionais incapazes de gerar resultados de curto prazo", diz Eduardo Altona, sócio da Michael Page, consultoria de origem inglesa que atua na área de recrutamento de profissionais de alta e média gerências. "As posições mais estratégicas vem sendo preservadas. O mais importante nesse momento é associar a má à boa notícia. Se as demissões são inevitáveis por causa da conjuntura, será preciso dizer aos que ficam que os esforços de retenção de talentos continuam". Altona afirma, porém, que uma empresa que elimina acima de mil postos, por exemplo, invariavelmente acaba colocando no pacote um lote de profissionais com grande potencial. "Mas essa deve ser a exceção, não a regra".

A prática de sacar a tesoura e cortar a folha de pagamentos pode até resolver um problema pontual, mas produz efeitos colaterais perversos, como deterioração do ambiente de trabalho e a motivação dos funcionários. Quando um bom profissional vai embora, a organização perde conhecimento, capital intelectual e domínio de processos. O principal erro que uma companhia pode cometer é fazer ajustes sem uma análise prévia da área escolhida e sem questionar a escolha feita. "Essa avaliação superficial, baseada em parâmetros quantitativos em vez de qualitativos, pode resultar num problema estratégico que comprometerá os resultados em médio e longo prazos", afirma Karin Parodi, sócia da Career Center, consultora de RH especializada em desenvolvimento organizacional. É necessário considerar outro fator conjuntural que começa a impregnar o cenário corporativo: a perspectiva de uma agenda negativa que deverá incluir, nos próximos meses, o aumento da jornada de trabalho e o acúmulo de funções, justamente em função do enxugamento dos quadros. "Haverá a busca incansável de práticas que possibilitem manter a produtividade com um contingente reduzido", diz Altona. "As empresas vão priorizar profissionais com capacidade de exibir um visão mais holística e apurada do negócio."  Em tal cenário, os mais qualificados têm maiores chances de sobrevivência.   

É uma percepção que ganha força mundo afora. Um estudo do Boston Consulting  Group chamado Creating People Advantage, feito com 4,7 mil profissionais de 83 países, revela que um dos principais tópicos da agenda executiva nos próximos anos é engendrar todos os esforços para desenvolver e reter os indivíduos de alto potencial - independentemente da função ou cargo que ocupem em qualquer um dos níveis da organização. "As crises, mais intensas ou menos intensas, acabam passando. É claro que tudo há de ser feito para que a empresa consiga vencer a fase mais difícil, mas da retomada só vão se beneficiar aquelas que tiverem preservado seus valores, suas crenças e, principalmente, as pessoas-chave e comprometidas", diz Fábio Barbosa, presidente do grupo Santander no Brasil, ele mesmo exemplo dessa preocupação atual do mundo corporativo em manter as pessoas certas nos lugares certos.

Por Dácio Oliveira






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