quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Transição de carreira: como tomar uma decisão assertiva?



A transição de carreira demanda tempo, energia, investimento e que existe um tempo de maturação do profissional dentro de um novo cargo/empresa


Ao longo da jornada profissional, nos deparamos com momentos decisivos onde é preciso ponderar o que já foi realizado até ali, e decidir-se sobre os novos passos a serem dados. Essa análise profunda sobre o futuro profissional, em alguns casos, pode resultar em uma transição de carreira e o processo de mudança, apesar de ser difícil e gerar resistência, muitas vezes se faz necessário.
Independente se o motivo da mudança é insatisfação com o trabalho atual, com a falta de perspectiva para carreira no mercado de trabalho, ou se é um desejo de aplicar novas e diferentes habilidades no dia a dia, não se faz uma transição de carreira do dia para a noite. O plano de carreira precisa ser uma bússola estratégica para a mudança. Definir e encontrar esse norte é essencial para escolher as ações que o colocarão mais próximo do resultado desejado e encurtarão o caminho até o sucesso.
Pergunte-se de maneira honesta, sem deixar a ambição de lado, e levando em consideração o que te faria feliz: “onde eu quero estar nos próximos 5 e 10 anos?”. Tudo bem se a imagem não estiver muito nítida, ou se você ainda não tiver ideia de como irá conseguir concretizar essa meta. O mais importante é encontrar essa resposta e experimentar a sensação de ter realizado esse sonho. Quando saboreamos a conquista, mesmo que no campo das ideias, temos maior motivação para realiza-la. Em se tratando do planejamento de carreira é indispensável sonhar a longo prazo, no entanto, desenhar as ações para o próximo degrau é fundamental e torna nossos sonhos mais palpáveis.
Depois de reconhecer sua meta no curto, médio e longo prazo, passamos para a fase de analisar essa transição. A tomada de decisão não pode ser feita apenas com base em suas emoções. Está na hora de colocar sua inteligência emocional para trabalhar e reconhecer que as insatisfações com o trabalho atual, fatores externos, conflitos e momentos na vida pessoal irão atrapalhar o seu julgamento. Ponderar os pontos positivos e negativos da carreira e do local de trabalho é uma tarefa que deve ser feita com base em informação e análise de dados.
Faça uma lista com os prós e contras, e principalmente elenque de três a cinco motivadores de carreira. O que é importante para você enquanto profissional, ambiente de trabalho, qualidade de vida, flexibilidade de horário, liderança colaborativa, plano de carreira, salário, pacote de benefícios, propósito. Cada pessoa sustenta seus motivadores em pilares diferentes, você deve procurar quais são os seus. Não tem certo e errado nessa hora! Depois de reconhecer os motivadores, analise o quanto o seu trabalho e carreira atuais estão alinhados com o seu sonho e quantos dos seus “pilares” você vivencia no dia a dia. 
Com essa “fórmula”, baseando-se em informação, converse com pessoas próximas a você, amigos, mentores e líderes. Esses outros profissionais podem ter uma visão diferente e acrescentar novos dados a sua análise, além de contribuir com outros pontos de vista.

Para evitar frustrações entenda que a transição de carreira demanda tempo, energia, investimento e que existe um tempo de maturação do profissional dentro de um novo cargo/empresa. Os três primeiros meses de uma nova colocação é o período de adaptação. Os próximos seis meses é a maturação do profissional. Só depois de passada essa fase é que podemos ver e colher os resultados. Não subestime nem fique desmotivado durante essa curva de aprendizagem, ela é fundamental para que você consiga consolidar seus novos conhecimentos e objetivos profissionais.
É indispensável pensar a carreira como um organismo vivo, que se modifica e se transforma a cada dia. Portanto, busque fazer essa reflexão sobre o planejamento de carreira ao menos uma vez por ano. Apesar de parecer doloroso, como dito no começo do artigo, a transformação é necessária. Não tenha medo de arriscar e buscar sempre o melhor para você!

(*) Diego Barbosa é headhunter da Yoctoo 

domingo, 26 de agosto de 2018

             As 6 maneiras de fazer uma empresa crescer


O termo “inovação” é geralmente associado a gênios que transformam startups em minas de ouro – a próxima Google, Apple ou Amazon, com produtos que ninguém sequer imaginava que precisava. As empresas de private equity fazem centenas de pequenas apostas nessas startups, na esperança de que uma delas traga ganhos inesperados que compensem o investimento feito em todas as outras. Na maior parte das vezes, essas apostas no próximo motor de crescimento dependem mais de sorte do que de uma grande ideia.
Enquanto isso, toda empresa tem ambição de ser tão inovadora quanto essas startups. Várias empresas investem nelas ou as compram, incertas se vão colher apenas o efeito halo pelo qual chegam a pagar caro demais, agravado pelo fato de que a maioria não se alinha com a estratégia da empresa ou atende uma percepção do mercado. O mesmo vale para as ideias: a chave é saber em qual startup investir sem fazer apostas aleatórias. Contudo, de acordo com uma série de três pesquisas, conduzidas ao longo de seis anos por Maddock Douglas, a consultoria onde trabalho, enquanto 80% dos executivos sabem que o sucesso de suas empresas depende da criação de novos produtos e serviços, mais da metade admite que as empresas não alocam recursos suficientes para promover a inovação. (Para mais informações, confira o livro Brand new: solving the innovation paradox, de G. Michael Maddock, Luisa C. Uriarte e Paul B. Brown.)
Inovação é uma palavra que tem sido relacionada à busca por novas formas de crescimento e toda corporação precisa crescer ano após ano. Entretanto, o primeiro passo para ter um crescimento real é entender de onde ele vem. Vemos que o crescimento se tornou desnecessariamente complicado. Dessa maneira, resumimos como crescer em seis simples categorias com exemplos da Apple:
• Novos processos. Venda os mesmos produtos com margens maiores: corte despesas de produção e frete, automatize para obter eficiência, corte excessos na cadeia de fornecimento ou de fabricação e utilize robôs.
• Novas experiências. Venda mais do mesmo produto para as mesmas pessoas: aumente a retenção e a participação ao conectar-se profundamente com os consumidores. Um exemplo é a experiência proporcionada pelas lojas da Apple, que muitos diriam que é tão fascinante quanto os produtos da marca.
• Novas características. Venda produtos incrementados para as mesmas pessoas: adicione melhorias que alavanquem compras adicionais. Um exemplo disso é que todo celular lançado pela Apple vem com câmeras melhores e assim por diante.
• Novos clientes. Venda mais do mesmo produto para novas pessoas: coloque o produto em novos mercados com necessidades semelhantes à sua atividade principal ou em mercados que possam atender uma necessidade diferente. Para a Apple, isso remonta a alcançar o mercado comercial e não a comunidade de design.
• Novas ofertas. Faça novos produtos para vender: desenvolva um novo produto, não faça apenas melhorias. Descubra novas necessidades para satisfazer os mercados existentes ou invista em uma nova categoria. Lembre-se do HomePod ou do iPod.
• Novos modelos. Venda produtos de uma nova forma: repense em como entrar no mercado criando novas fontes e canais de renda e maneiras para criar valor. Isso pode ser tão simples quanto passar para um modelo de assinaturas ou tão transformador quanto a criação do iTunes da Apple.
A escolha de caminhos que levam ao crescimento precisa ser intencional, não deixada à sorte. Os orçamentos para inovação são limitados, assim, a alocação dos recursos escassos deve reduzir os riscos e concentrar-se nas melhores apostas. É necessário equilíbrio para um retorno máximo, do mesmo modo que um fundo de aposentadoria precisa de equilíbrio entre riscos altos e baixos e recompensas. Por exemplo, considere o seguinte modelo de alocação orçamentária para inovação:
O modelo acima mostra a relação entre essas seis maneiras simples de crescer, usando os quatro quadrantes para análise de portfólio (evolucionário, diferenciação, queda rápida e revolucionário), cada um recebendo uma percentagem da alocação orçamentária para inovação. Note que:
• Novos processos não são incluídos no portfólio de inovação (sem verba para alocar).
• Novas experiências e novas funções estão no quadrante evolucionário (cerca de 40%–60% do orçamento).
• Novos consumidores estão no quadrante queda rápida (cerca de 10%–20% do orçamento).
• Novas ofertas estão no quadrante diferenciação (cerca de 10%–20% do orçamento).
• A combinação de novos consumidores com novas ofertas está no quadrante revolucionário (cerca de 5%–10% do orçamento).
• Novos modelos podem entrar em qualquer parte do portfólio.
Esse mesmo modelo de alocação é usado para investimentos em crescimento. Algumas formas de crescimento são mais fáceis do que outras. Cortar custos em novos processos para aumentar as margens está ao alcance das mãos. Não está à altura de inovação de startups; é somente uma maneira mais inovadora de fazer as coisas. Não o consideramos parte do orçamento para inovação, porque não cria valor no mercado, só crescimento adicional e melhora contínua.
O objetivo mais fácil no assunto inovação é a contínua relevância dada ao seu principal mercado por meio de melhorias, com características novas para as ofertas atuais ou as experiências que elas proporcionam. É fácil porque se concentra em um mercado que você já conhece, e a produtos que você já sabe como entregar. Uma empresa raramente questiona se deve alocar a maior parcela do seu orçamento de inovação para essas atividades (40%–60%).
Uma parcela menor (10%–20%) é destinada a atingir novos consumidores com aquilo que você sabe fazer. Essa abordagem fail-fast, de baixo investimento e que testa o terreno é muito parecida com a abordagem de um investidor de private equity para a inovação, fazendo pequenas apostas e abandonando rapidamente aquelas que não ganham força. A chave é a rápida experimentação por meio de abordagens ágeis e enxutas.
Outros 10%–20% provavelmente seguirão para a diferenciação, desenvolvimento de novas ofertas antes da concorrência. São produtos que você não tem certeza como entregar, mas que sabe que o mercado os quer, fazendo valer a pena a tentativa. Tentativas assim são mais arriscadas, mas garantem maiores recompensas se comercializadas em primeira mão.
Isso deixa a menor parcela (5%–10%) para as apostas centradas no revolucionário, oportunidades de alto risco com novas ofertas para novos consumidores. Neste quadrante, você se concentra em uma grande ideia, usando abordagens ágeis para separar suas partes e ver quais elementos geram valor por meio de avaliações contínuas de coisas desejáveis, já que não se tem certeza do que o mercado valoriza (nem mesmo a ideia em si). Se continuar a superar barreiras, terá uma chance de lançar um divisor de águas que satisfaz uma necessidade ainda não atendida. Apenas tem que testar e experimentar rapidamente.
Novos modelos, novas formas de entregar, podem estar em qualquer parte do portfólio de inovação, tal como decisões de manufatura, venda ou parceria. Saber qual tipo de crescimento suas iniciativas representam e o lugar delas no portfólio determina o que e como buscar, inclusive adquirir uma startup que contenha a chave do quebra-cabeça identificada de modo intencional por critérios objetivos, livres de riscos devido às pesquisas e à identificação de necessidades não preenchidas no mercado.
Saber como o crescimento acontece e as melhores formas de direcionar os esforços da organização para crescer é tão importante quanto alocar investimentos no âmbito de risco-recompensa para obter um retorno máximo. É melhor assim do que fazer apostas aleatórias na mais recente startup na esperança de ter sorte. Ou pior, apostar em uma bala de prata que falha.

Gino Chirio é vice-presidente executivo da consultoria de inovação Maddock Douglas. Tradutora: Laura Fabri da Conceição 
Trabalhar menos pode aumentar a produtividade de funcionários: entenda

Empresa da Nova Zelândia exibiu resultados positivos ao oferecer uma jornada de trabalho de quatro dias semanais (com as mesmas remunerações)


O desenvolvimento de tecnologias e a "flexibilização" das normas de trabalho não devem apenas servir aos interesses das empresas, certo? Para provar que os trabalhadores também podem se beneficiar de mudanças nas relações laborais, uma empresa da Nova Zelândia divulgou resultados positivos após fazer um teste de dois meses em que diminuiu a jornada para quatro dias semanais— com as remunerações mantidas como em uma semana cheia.
De acordo com os resultados divulgados pela Perpetual Guardian, companhia de seguros e de planejamento imobiliário, 78% dos funcionários que participaram da experiência afirmaram que conseguiram balancear suas atividades profissionais com a vida fora do escritório: isso possibilitou que a produtividade aumentasse, já que os trabalhadores estavam mais focados quando estavam na empresa. 
Pesquisadores especialistas em sociologia do trabalho afirmam que a reprodução das atividades laborais sem um "respiro" são responsáveis pelo prejuízo das relações sociais e, consequentemente, da diminuição da produtividade dentro do escritório. “Você não questiona, vive um fluxo. Trabalha e descansa para recuperar as energias para o trabalho”, diz a socióloga Valquíria Padilha em entrevista concedida à GALILEU em abril. Ou seja: até nas horas livres estamos a serviço do trabalho.
Com um modelo que busca maximizar a produção e evitar o desperdício de tempo e dinheiro a qualquer custo, as atividades também se tornam mecanizadas — há quase nada de espaço para a criação e o livre pensar. Não é de se espantar que a maioria das ocupações seja exercida por obrigação. “Meu ponto é: se o trabalho é doença, o lazer é remédio?”, questiona Padilha. Iniciativas como a da Perpetual Guardian mostram que é possível fazer diferente. 
by Redação Galileu

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

     Aumente sua produtividade com a "regra dos 10 minutos"

Psicoterapeuta criou técnica simples para acabar com sua procrastinação. Saiba como usá-la no seu dia a dia


Na vida de um empreendedor, que normalmente conta com poucos recursos e tem muitas tarefas para resolver, ser produtivo é fundamental. Mas as mídias sociais, os aplicativos de mensagens e tudo que a internet tem a oferecer podem atrapalhar o empreendedor. A produtividade baixa, por sua vez, pode levar à procrastinação – o pensamento que “é melhor fazer amanhã o que não pôde ser feito hoje”. E assim o trabalho vai se acumulando.
No entanto, uma técnica com duração de apenas 10 minutos pode ajudar o empreendedor a fazer mais em menos tempo. O “truque” é uma criação da psicoterapeuta americana Amy Morin. Ela é a autora do livro “13 coisas que as pessoas mentalmente fortes não fazem”.
Um dos ensinamentos do livro, lançado em mais de 20 países, é que as pessoas precisam se manter estimuladas para prosseguir em suas tarefas. Por sua vez, uma das formas de mantê-las engajadas é mostrar que elas estão cumprindo pequenas metas a cada etapa de seu trabalho.
Amy concluiu que uma boa forma de evitar a procrastinação é a chamada “regra dos 10 minutos”. A técnica funciona assim: diga a si mesmo, no decorrer da tarefa, que você vai focar totalmente no trabalho em questão por 10 minutos. Depois desse período, você pode decidir continuar trabalhando ou fazer qualquer outra coisa.
De acordo com a psicoterapeuta, 90% das pessoas continua trabalhando após os primeiros 10 minutos. “Elas percebem o quanto avançaram na realização da tarefa em um tempo tão curto e se sentem confiantes o suficiente para terminar o trabalho o mais rapidamente possível”, diz Amy.
A especialista afirma que o medo de falhar na realização da tarefa atrapalha a produtividade e leva à procrastinação. Com a “regra dos 10 minutos”, entretanto, o medo e a preguiça perdem força.
Amy recomenda que, a qualquer momento em que você esteja relutante a executar uma tarefa, trabalhe nela por 10 minutos ininterruptamente. “É muito possível que vontade de procrastinar saia de você. Vale a pena tentar”, diz a psicoterapeuta.
by Redação PEGN
                 5 estratégias para vencer o drama da procrastinação
Não consegue começar um trabalho? Deixa tudo para a última hora? Fica distraído com qualquer coisa? Essas técnicas ajudam a manter o foco e dar conta das atividades.


Eu procrastino, tu procrastinas, ele procrastina... é impossível encontrar alguém que esteja 100% focado o tempo todo. O problema é quando adiar a realização de tarefas vira a regra em vez da exceção.
Com empreendedores não é diferente. Muitos se recusam a dar o primeiro passo de um projeto e, quando o trabalho já está em andamento, arrastam as coisas por mais tempo do que o planejado. 
A maneira de lidar com a procrastinação e suas consequências varia de pessoa para pessoa, mas alguns truques podem ajudar qualquer um na tentativa de superar problema, como essas dicas do autor e consultor Jon Nastor para a Entrepreneur .
1. Faça uma coisa de cada vez
Tarefas grandes são opressoras e fazem com que adiemos sua realização.  O melhor é desenvolver uma estratégia para a execução do trabalho, e a tática mais eficiente é dividi-lo em pequenas tarefas e concentrar-se em uma delas de cada vez. Aos poucos, o resultado começa a aparecer.
2. Trabalhe com prazos
Muitos empreendedores querem fugir da imposição de prazos, mas é importante trabalhar com um tempo predeterminado porque assim nos comprometemos a completar as tarefas.
Não importa se um prazo é imposto pelo cliente ou definido por nós mesmos, é recomendável ter sempre uma data limite em mente para que possamos avançar mais rapidamente e evitar as distrações. 
3. Conclusão versus perfeição
A busca da perfeição costuma jogar contra muitos empreendimentos. Às vezes, ficamos tão obcecados em dar a nossos projetos e produtos um acabamento esmerado que nunca os concluímos – muitas vezes, sequer começamos a desenvolvê-los por julgarmos que não suficientemente bons.
O esforço para fazer um trabalho de excelente qualidade deve sempre ser perseguido, mas é preciso entregar resultados. Assim, o melhor é terminar 80% das tarefas e, depois, dedicar tempo para melhorá-las.
4. Pare e faça alguns exercícios
Pode parecer loucura recomendar uma pausa para quem está no limite do prazo e não consegue concentrar a atenção na conclusão do trabalho, mas, às vezes, deixar de lado, por algum tempo, uma tarefa que não avança pode ter um resultado positivo.
Então, se está muito complicado, saia do escritório e caminhe um pouco e procure não pensar no problema. Essa interrupção ajuda a reduzir a ansiedade, libera a mente e pode ajudar você a romper o círculo vicioso da procrastinação e fazer com que se reconcilie com suas metas.
5. Comece a trabalhar
Qualquer conselho ou truque para superar a procrastinação não é mais eficiente do que sentar e fazer o que deve ser feito. Não espere pela inspiração porque ela não aparece de uma hora para outra nem para todo mundo. Vá e trabalhe!

por Maria Isabel Moreira, PEGN

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

9 tabus já superados pelo mercado de trabalho

Eles já foram obstáculos para contratações. Hoje não pesam tanto segundo a Page Personnel



Até pouco tempo, era comum encontrar em ofertas de emprego pré-requisitos descritos nos anúncios como frequentar faculdades de primeira linha e ter boa aparência. Hoje, essas e outras exigências não estampam mais as ofertas de emprego, seja por questões de ajuste de mercado ou até mesmo por mudanças culturais. Muitas das informações que constavam em um currículo acabaram caindo em desuso e sendo substituídas por novas demandas da sociedade, empresas e recrutadores.
“O mercado de trabalho é extremamente dinâmico. O que se incluía em um currículo há dez ou quinze anos não faz mais sentido hoje. O papel aceita tudo e hoje os processos de seleção são cada vez mais criteriosos. Conseguimos detectar durante as entrevistas o que realmente importa às empresas e o que elas buscam em um candidato. A exigência hoje é diferente. São valorizados candidatos com resiliência, proatividade, entrega e com boa qualificação comportamental. Há outros valores envolvidos na hora de selecionar um candidato”, explica Renato Trindade, gerente da Page Personnel, empresa global de recrutamento especializado em profissionais de nível técnico e suporte à gestão, parte do PageGroup.
Confira alguns tabus que foram eliminados do mercado, de acordo com o consultor:
1. Faculdade de primeira linhaEra muito comum encontrar em anúncios de emprego que o candidato tivesse frequentado faculdade de primeira linha. Hoje, essa exigência já não existe mais e praticamente foi abolida pelos recrutadores. “Não adianta nada o candidato frequentar uma faculdade de primeira linha e não ter uma entrega de primeira linha.
O mercado olha e avalia mais o que esse profissional tem para entregar em questões de resultados do que simplesmente ver onde ele estudou. Vale muito mais um profissional com bom desempenho e dedicação. Hoje, a questão comportamental tem prevalecido sobre a técnica”, avalia Trindade, da Page Personnel.
2. DemissãoOutra questão que assombrava candidatos era incluir em seu currículo que havia sido demitido. Ter essa experiência no histórico profissional era sinônimo de fracasso e insucesso. Hoje, esse fantasma não assusta mais profissionais em busca de recolocação.
“É muito comum que um profissional tenha experiência em diferentes empresas. Era comum que um executivo fizesse carreira numa mesma empresa e por lá permanecesse por 20 ou 30 anos. Agora, por diversas questões conjunturais, como crise, adequação de equipe, perfil inadequado, impactam na demissão de um funcionário. E não é demérito nenhum ser demitido nesses casos. O que não é permitido é mentir no currículo. Não vale dizer que foi desligado por um motivo e na verdade ter outro. Isso sim pega muito mal”, conta o consultor.
3. Fracasso como empreendedorE quando um profissional decide mudar sua carreira, se aventurar pelo empreendedorismo e acabar fracassando? “O mercado vê com muito bons olhos profissionais que decidiram empreender e, por algum motivo, acabou não tendo uma experiência bem-sucedida. Esse tipo de perfil pode ser de grande valia se essa pessoa aplicar na empresa o que aprendeu em sua passagem como empresário. Essa pessoa pode ter conhecimentos de marketing, vendas, gestão, finanças e aplicar seu conhecimento no dia a dia da empresa. Ele tem a visão do todo e chega com mais bagagem no seu novo desafio”, diz Trindade.
4. Pouco tempo num mesmo empregoUm currículo com experiências profissionais de curta duração não era bem visto pelos avaliadores até pouco tempo. Entendia-se que essa pessoa não tinha estabilidade e por isso não permanecia no emprego. Hoje a avaliação precisa ser mais criteriosa.
“Se um profissional permanece por menos de dois anos numa empresa, é preciso entender o motivo dos dois lados. Hoje um candidato é movido a trocar de emprego por desafios que perpassam a proposta salarial. Antes os empregados permaneciam por cinco ou dez anos numa mesma empresa. É preciso investigar os motivos dessas mudanças e se elas fazem sentido”, reflete o especialista.
5. Nervosismo na entrevistaUm dos momentos mais tensos para candidatos em processos de recrutamento e seleção é a hora da entrevista. Tem muita gente que fica nervosa e acaba esquecendo de contar detalhes importantes da carreira que não estão reportados no currículo. Segundo Trindade, o nervosismo tinha um peso maior na hora da seleção, era mais eliminatório. “Hoje procuramos conversar mais com o candidato e utilizar técnicas que o deixem mais à vontade. Ficar nervoso durante uma entrevista é comum, o que não pode é que essa sensação se prolongue muito e comprometa a conversa. O candidato precisa entender que se trata apenas de um papo com o recrutador para ele entender e conhecer mais sobre ele”.

6. Pretensão salarialMuitas empresas solicitavam esse tipo de informação com o intuito de entender as expectativas salariais dos candidatos de acordo com a experiência apresentada e se estavam alinhadas com a política salarial da empresa. Hoje já é bem menos comum colocar esse tipo de informação. “Os profissionais não buscam só uma boa remuneração. Querem trabalhar em empresas que ofereçam valores, boas propostas e projetos desafiadores. Se ele acrescentar sua pretensão, pode deixar de trabalhar em alguma empresa que admire simplesmente por informar o quanto deseja ganhar”, revela Trindade.
7. FilhosA gravidez já foi interpretada por muitas mulheres como interrupção na carreira, tamanha era a pressão para que elas não atrapalhassem suas atividades profissionais em decorrência da maternidade. “Não há mais essa mentalidade tanto de mulheres como do mercado. As empresas evoluíram e até estimulam suas profissionais por meio de programas e benefícios. O home office, a licença-maternidade, a flexibilidade de horário e outras ações ajudam a acolher e deixar a mulher mais segura diante da maternidade”, aponta o consultor.
8. Ter 40 anos ou maisTer experiência já foi sinônimo de preocupação. Profissionais que atingiam os 40 anos sabiam que o fantasma da demissão rondava sua cadeira por ter atingido a faixa etária mais vulnerável a demissões. “Felizmente hoje, com o aumento da expectativa de vida, profissionais mais velhos e experientes frequentam e frequentarão o mercado de trabalho. É uma ótima notícia para contrastar com os tristes períodos onde somente mais jovens estavam aptos a trabalhar. Hoje os profissionais mais experientes são bem avaliados pelo mercado porque já passaram por crises, momentos adversos e situações de risco e pressão. A experiência deles ajuda bastante em momentos como esses. Não dá para contratar um jovem experiente”, analisa.
9. Boa aparênciaRequisito comum e muito frequente em anúncios de emprego, hoje não é mais comum encontrar exigências como esta na hora de ofertar uma vaga de trabalho. “O que se espera de um profissional é que ele tenha boa apresentação. Que tenha postura, desenvoltura, articulação e comunicação. Solicitar um profissional com boa aparência soa até preconceituoso. É preciso diferenciar beleza de postura”, esclarece Trindade.

Por que 'trabalhe com o que você ama' pode ser um péssimo conselho.

         Estudo questiona a forma como estamos escolhendo as nossas carreiras.



Siga o seu coração.
Encontre a sua paixão.
Trabalhe com o que você ama e você não terá que trabalhar nenhum dia.
Certamente você já ouviu algum desses conselhos, mas talvez você nunca tenha pensado sobre quais são as consequências disso. Para o professor de psicologia da Universidade de Yale, Paul O'Keefe, as frases, apesar de serem conhecidas, não fazem o menor sentido. O'keefe argumenta que paixões não são "encontradas", elas são desenvolvidas.
"Isso significa que, se você faz algo que parece com um trabalho, significa que você não deve gostar. Imagine um estudante que pula de um laboratório para outro, tentando encontrar alguém cujo tema de pesquisa pareça ser a sua paixão dela. É essa a ideia errada de que, se eu não ficar completamente preenchido pela emoção assim que entrar em um laboratório, então nada ali será a minha paixão ou do meu interesse", disse o pesquisador em entrevista a The Atlantic.
No trabalho intitulado Implicit Theories of Interest: Finding Your Passion or Developing It? (Teorias Implícitas de Interesse: Encontrando Sua Paixão ou Desenvolvendo-a?, em tradução literal), publicado na revista acadêmica Psychological Science, os autores argumentam que há dois tipos de mentalidade. A primeira delas trata-se de uma "teoria de interesses fixos". Isso significa dizer que os nossos interesses centrais estão presentes em nossa vidas desde o nascimento, apenas esperando o momento em que eles serão descobertos. A outra é uma "teoria do crescimento", e está ligada a ideia de que os interesses são cultivados ao longo do tempo.
A fim de entender como essas teorias afetam a nossa busca por interesses durante a vida, os pesquisadores realizaram uma série de testes com um grupo de estudantes universitários.
Primeiro, o grupo se dividiu entre "tech", aqueles com interesse maior em disciplinas como matemática e ciência; e "difusos", que se interessavam por áreas como artes e humanidades. Eles foram expostos a uma série de leituras e responderam questionários.
O resultado? Os alunos que se identificaram com a teoria de interesses fixos mostravam menos disposição de participar de eventos ou oportunidades interessantes, porque entendiam que os temas propostos não se alinhavam com as expectativas de paixões e interesses que eles já tinham definidos. Ou ainda, parte dos estudantes ignorava o fato de que temas diferentes poderiam ter algo a agregar.
O'keefe, ainda, chama atenção de que essa teoria de interesses fixos pode se tornar prejudicial porque é um argumento para desistir de certas tarefas. Ora, se algo está díficil, é porque eu não me identifico, então não deve ser a minha paixão. Pulamos para a próxima atividade.
Carol S. Dweck, outra autora do trabalho, defende que as pessoas que têm um mindset de crescimento tendem a ter menos medo de falhar. De acordo com a sua pesquisa, essas pessoas acreditam que a inteligência é cultivada e não inerente ao indíviduo.
Um estudo diferente, dessa vez realizado com adultos, sugere que as pessoas que pensam que as paixões são "fixas" tendem a escolher empregos em que elas se sintam bem em tudo, desde o início. Essas pessoas priorizam o prazer em vez de um bom salário, por exemplo. Já o grupo que entende que os interesses são desenvolvidos tendem a priorizar outros objetivos em detrimento ao prazer imediato no trabalho. De acordo com os pesquisadores, "eles entendem que os interesses se desenvolver para se adequar melhor às suas vocações ao longo do tempo. Então, as pessoas que não se encaixaram perfeitamente em uma carreira, por exemplo, podem ficar animados - há mais de uma maneira de alcançar a paixão pelo trabalho".
Mas como, então, desenvolver um mindset mais flexível? Para os pesquisadores não há apenas uma receita correta, mas investigar certas ideias fixas, como "encontre a sua paixão", já é um bom começo. Afinal, por que não estarmos todos abertos para as outras possibilidades que existem?

by Ana Beatriz Rosa, Huffpost